quarta-feira, dezembro 27, 2006

"E foi feliz para... o era uma vez."

O problema das fábulas é que a gente nunca sabe o que o "E foram felizes para sempre" quis dizer. É assim: o indivíduo vive bem, um problema é apresentado, a gente fica ali angustiado até o final, e então chega a hora da conquista; O mocinho, finalmente, consegue o que queria e sua felicidade atinge o ápice máximo. Esse ápice foi batizado nas fábulas de "Ele viveu feliz para sempre". Elas (as fábulas!) só não contam que é natural do homem tentar conquistar e buscar outros caminhos. Seus verdadeiros personagens principais não vivem de uma só conquista; e é por isso que eu vivo ali entre o "e foi feliz... (reticências!) e o "era uma vez".

quinta-feira, novembro 23, 2006

Céu nublado

;é fato. Essa neblina interior me aniquila.
Há muito tempo eu não reparo nas estrelas.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Letargia

Numa dessas provas do Gilson Sobral, fui forçado a descobrir o que era a letargia. A gente tinha conseguido a prova do semestre anterior e ele pedia numa das questões o significado da palavra Letargo - essa palavra estava presente em algum contexto no livro Cinco Minutos, de José de Alencar. Bom, como calouros espertos, abrimos o dicionário e lá estava:

*
Letargia s.f. ou Letargo s.m.: 1) Sono profundo, semelhante à morte. 2) Inércia, apatia.

Uma semana depois eu viria a entender de perto o sentido da letargia. Cheio de coisas pra fazer (e já de saco cheio delas!), tendo que ler ainda mais cinco livros literários e um não-literário até o final do semestre, tendo que devorar quatrocentas páginas de Ivanhoé até segunda-feira (hoje é sexta-feira e eu estou na página quarenta, acho que não vai dar, hein!) eu entrei num estado de letargia. Tirei a sexta-feira pra progredir umas 150 páginas na obra do Sir. Walter Scott; li vinte.
Que vergonha! Além de ter sido completamente vagabundo essa semana (a culpa é da Nintendo, que criou o Super Mario World), eu tô estragando a semana que vem também!
Mas sim, sobre a letargia.
Maldita essa daí! Tenho sede por cultura, mas sou preguiçoso: paradoxo mais paradoxal? Pois então, sempre tive uma tendência à preguiça, no que diz respeito a fazer as coisas por obrigação. Só que hoje foi diferente.

“Sono profundo, semelhante à morte...”

Hoje eu tava/tô numa moleza incomparável! Qualquer lugar que eu deito, eu durmo! E começo a sonhar instantaneamente. Coisa de doido mesmo. Aí eu me desligo completamente do mundo, e quando acordo, acordo num estado meio estranho, meio em transe, meio away, meio desligado, meio letargo.
É aquela coisa de tá e não tá no mundo, sabe? Será que rolou viagem espiritual enquanto eu dormia e aí minha alma ficou perdida pelos cantos e não conseguiu achar o caminho de volta? Não sei, não sei.
Só acho que ela foi dar um passeio, e deixou meu corpo aqui, inerte, apático; letargo.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Ponto e vírgula;

Por me envolver bastante com os diferentes tipos de reações e fórmulas, eu já quis ser químico, só que a física não deixou; eu não me permitiria carregar a física pro resto da minha vida. Já quis ser contador e administrador, mas o meu lado humano não deixou. E jornalista, mas o meu lado independente não deixou. E engenheiro florestal, mas o meu lado materialista não deixou. Tradutor, mas o meu lado consciente não deixou. Psicólogo, mas o meu lado inseguro não permitiu. Nem a minha gastura permitiu que eu fosse dentista; nem farmacêutico, nem obstetra e nem médico. Ator, mas o meu lado reservado não deixou. A minha tendência à exceção não permitiu que eu fizesse direito. Aí sucedeu o episódio da arma apontada à minha cabeça: que área seguir? Eu gosto da palavra e da língua - pensei. Sem mais: Letras. E a insegurança me tomava. O preconceito com relação a mim mesmo me tomava: "Letras! Você é capaz de tirar uma nota maior nessa prova, vamos lá". Não! Letras mesmo. E o vestibular angustiante; e passei. Eu gosto da palavra e da língua - sem mais. Qual seria o meu diferencial? Eu e minha mania de querer ser diferente. Meus colegas traziam uma bagagem de cultura imensa, e virão a adquirir mais; muito mais. Eu? Eu gosto da palavra e da língua, sem mais. E a insegurança continou me tomando. Aí veio a tarde de um sol com um brilho estupendo: eu saí da sala com uma segurança plena, algo que nunca tinha sentido. Talvez tenha sido a moça das tatuagens que me tenha despertado isso. O estudante de línguas indígenas, talvez? Eu gostar da palavra e da língua? Só os deuses sabem. Mas eu saí com uma certeza mais que certa, eu consegui olhar pra dentro de meu íntimo, e ouvir o que minha'lma dizia: "é isso mesmo, a palavra e a língua! você tá na área certa, você nasceu pra palavra e pra língua! E pros livros; e pra sala de aula; e pro papel; e pros monumentos que não morrem com o desgaste do tempo - talvez com o desgaste de idéias, e aprimorações - ; Eu nasci pras artes literárias; e lingüísticas. Ponto e vírgula;

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ensaio sobre o tempo

Fica pra quando ele aparecer.

Enquanto eu não posso escrever sobre ele, por sua inexistência atual, vai um trecho de algo que eu li sobre, num dia desses:

"Ninguém sabe o que está acontecendo!
O tempo não é ladrão? Não rouba a vida?
O roubo é atividade proibida,
Que é ilegal e pode ser punida."

(Shakespeare, A comédia dos Erros)

Punam o tempo!
Já.

domingo, setembro 17, 2006

O segundo mal irremediável

Por tantas vezes eu tentei fugir dessa dor: a dor nostálgica, a mais dolorosa de todas. É irremediável, não há ser na terra que tenha conseguido cura para esse mal. Vem pela música, pelo odor, pelos escritos. Por tantas vezes eu sofri dessa doença, e por tanto tempo eu consegui me abster. Mas aí um dia ela vem, sangra-me o peito e faz que eu me sinta impotente. Diante dela tenho que me curvar à minha impotência. Ah, se eu pudesse reviver aqueles momentos, sentir novamente aqueles cheiros, e até, quem sabe, as mesmas dores daquele tempo... eu não mudaria nada; nem uma vírgula, nem poria reticências. Eu sentiria todas aquelas sensações entrando em mim novamente, e aquele medo, aquela incerteza de futuro. Esse futuro, que é hoje o meu presente, tão diferente.

sábado, setembro 16, 2006

doRmingo.

às quatro da tarde o sol de meio-dia. abre o livro, abstrai, fecha o livro, liga o computador, desliga o computador, abre o livro, abstrai, fecha o livro, liga o computador, desliga o computador. o computador, vício maldito. o livro, fardo recente.descasca a laranja, olha pro céu e vê um céu de domingo, num sábado.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Depois de amanhã

Depois de amanhã
a maioridade.
não um começo;
um reconhecimento
de maturidade (?)
há quem diga
a melhor idade
mas eu, aqui,
pequeno,
olhando as ruas dessa cidade
e tendo visto minha íris
que carrega o peso e a dor
da adultice
já me senti grande,
maior de idade,
antes de depois de amanhã
Calamidade!

sábado, setembro 02, 2006

O Rodo Colccidiano

Rodo Colccidiano

Tô ficando atolado
Atolado de problemas
O monótono me invadiu!
E os meus choques são vitais;

Enjoei da skola!
O negócio é gamar!
Tiro o conecitvo "ou"
Pegar e(!) largar!

Vivo intensamente
Viajo pelos setemares
A suçuarana me guarda
Ai! Pode, de tão grandioso ser, esperar-se mais...
É claro que tem mais!

E agora chamam inútil o meu encéfalo
De nada sabem!
Tô ficando atolado
Atolado de problemas
Minha cabeça sustenta meus ideais
Nela, me etiqueto, desde que encurve a aba;
Aba quadrada é pra gente quadrada

Sou culto e não vêem!
Li Drummond e concordei
É doce estar na moda!
Sigo atolado de problemas
Porque meus choques são vitais
O resto, dorme sujo
Ou pinta as paredes de meu cais!
Tipinhos...

Não importa o tamanho da ilusão...

as pessoas vêm e se vão


Ficam às vezes, mas ficam aos poucos, aos restos... seguras às vezes por um fiapo, mas é isso: um fiapo. Partes de si há muito já se foram; e se irão...

terça-feira, agosto 29, 2006

Post que pode ser desprezado em caso de procura de coisas interessantes

E chegou ontem o dia 28. Muita coisa aconteceu. Muita mesmo; eu e meu cérebro sabemos. Descrevê-lo aqui não vai acrescentar nada a quem lê, portanto pouparei o leitor disto, ainda que o leitor seja somente eu. Tá, fiquei perdido, andei, andei, tive somente duas aulas e em outras três delas os professores simplesmente não foram, vi muitas caras conhecidas, conheci algumas pessoas e conheci o CALET (Centro Acadêmico de Letras), um lugar legal pra descontração dos alunos do curso e discussões, creio. Lá é o point: rede pra deitar; mesa pra truco, xadrez, adedonha e qualquer outra coisa jogável (basta ser criativo); um computador; uns sofázinhos lá; ventilador;paredes decoradas com fotos de autores, frases, citações e pensamentos; jornais, revistas... ah, é legal. Conheci uns prédios, a biblioteca, e, olha, até agora os veteranos foram legais e me ajudaram. Só que por enquanto eu tô ferrado: Vinte e dois (22!) livros pra ler até o início de dezembro (só livros legais: Ilíada, Odisséia, A República, Poética...). É, mas a gente tenta. Amanhã eu vou almoçar no R.U., acho. Será que sobrevivo?

Ah, não só esse post poderá ser pulado se alguém estiver procurando algo de interessante para ler, como os outros três abaixo. Tô só começando, e comecei numa época com coisas pessoais a deixar registradas.

domingo, agosto 27, 2006

A cerimônia de recepção aos calouros

27 de agosto, 23 horas e 10 minutos. Realmente não parece que há mais de um mês eu consegui uma vaga na Universidade de Brasília. Sabe, a minha ficha ainda não caiu. Eu não gosto muito de dividir essas sensações; tenho medo que me achem chato, metido. Eu achava quem tinha passado na UnB, e falava só sobre isso, um saco. Não quero ficar assim. Mas acho que aqui eu posso dividir. É o meu espaço, os visitantes (se é que existem) que se acomodem a ele. Vou, então, falar sobre a cerimônia de recepção aos calouros, ocorrida anteontem, dia 25. Quando eu e a Paula chegamos de ônibus ao centro comunitário, este já se encontrava cheio de calouros enturmados, que conversavam num blahblahblah, numa empolgação interminável. Nós estávamos empolgados também. Andamos na busca de faces conhecidas, e nada! Minto. Vi algumas caras que estudaram conosco no cursinho; a Paula não, ela é míope. Vimos uma seqüência de filas paralelas em que cada uma estava de frente para um funcionário, que se encontrava sentado numa carteira, entregando uns papéis. Entrei na fila de Letras, que era a mesma de Matemática e Medicina. A mesma de Medicina! Eu me senti pequeno nessa hora. Com certeza algumas pessoas na minha frente, ou atrás de mim, teriam ralado muito mais que eu para estar ali. Bom, enfim, o cara me entregou o adesivo do meu curso "Letras - Português UnB" pra pregar no carro. Agora só falta o carro! háhá =D
Seguimos para o local da recepção, que estava repleto de cadeiras metálicas, e onde havia uma grande mesa de frente para os calouros com muita gente importante sentada: Reitor, Vice-Reitor, Prefeito da Universidade (juro que eu não sabia que a UnB tinha prefeito, mas, enfim, aquilo lá é mesmo uma cidade), e uma porção de diretores acadêmicos.
Tivemos uma abertura que eu achei muito bacana! Uma pianista lá da UnB bem conceituada tocando uma música de Chiquinha Gonzaga; mandou muito! Era legal espiar as caras assustadas e desconfiadas dos calouros, como eu.
O primeiro a ter a palavra, óbviamente, foi o Reitor, Timothy. Gostei desse cara, ele é legal. Cabelos brancos curtos, uma cara pacífica. Ele me lembrou o Dumbledore, do Harry Potter. Pra falar a verdade, como eu disse à Paula, eu realmente tava me sentindo em Hogwarts. Toda aquela cerimônia, aquele local imenso, as nossas angústias... lembraram-me bem da éstória da Rowling. Enfim, continuando, o Reitor inicialmente nos explicou porque é que o local onde foi realizada a cerimônia (um lugar estranho, aberto, uma grande tenda com capacidade para 2500 pessoas sentadas e mais não sei quantas em pé), e que por sinal foi o mesmo local onde eu descobri que tinha sido aprovado, se chamava Athos Bulcão. Ele explicou que o tal Athos foi um cara muito importante lá na UnB, um dos fundadores, se não me engano, e que cuidou dos projetos artísticos e urbanísticos da universidade, além de ter contribuído muito para a forma, a cara que Brasília tem hoje. Os quadradinhos do Teatro Nacional (que por sinal eu já escalei) foram projetados por ele. Dando seqüência ao diálogo, o Reitor e todos os outros que tiveram a palavra (e daí já tornaram a cerimônia cansativa) falaram da importância da autonomia na univesidade. Explicaram que as faculdades particulares diferem-se das universidades nesse quesito. No nosso ensino médio, a informação nos é dada; ensinam-nos o que precisamos saber. Fazemos nossos deveres (ou não!), decoramos nomes na véspera, pagamos a mensalidade e passamos. Eles quiseram dizer que as faculdades privadas, em geral, são uma continuação desse processo. Na UnB não há alunos com currículos iguais, porque são eles que se constroem. São eles que têm de pedir a informação e decidir o que é importante para seu futuro. O Vice-Reitor ressaltou que prefere chamar os alunos da UnB de profissionais em fase de formação porque a autonomia já começa lá, e não no momento da entrega do diploma. Enfim, viva a autonomia \o/
Falaram, falaram, falaram, e eu e a Paula começamos a perder a paciência, ficar cansados, com fome. Aí colocaram dois palhaços lá pra animar. Meu Deus! Ainda bem que a Palu tava lá porque ela é que nem eu: sente vergonha pelos outros! E eu fiquei com MUITA vergonha pela palhaça sem graça; juro que se eu fosse ela eu teria enfiado minha cabeça na terra e não saíria mais de lá.
Enfim, falaram, falaram e aí acabou. E foi a primeira vez que eu me senti bem na UnB, a primeira vez que eu me senti parte integrante de lá.

E amanhã começa a ralação. Venha, tão esperado dia 28!

quarta-feira, agosto 23, 2006

18 dias para 18 anos.

Ah, continuo oco. Parece que tudo à minha volta anda tão sem sentido. Eu não tô em crise, não tô nostálgico, não tô deprimido e nem feliz. Sabe aqueles dias que você tá "sei lá"? Se a vida fosse como um livro, dias assim seriam páginas rabiscadas, sem sentido, com rascunhos indecifráveis; poderiam ser arrancadas sem problema, que não afetariam a teoria do caos. É sério, dias indiferentes. Eu odeio indiferença, mas anda tudo assim.... tão indiferente. Muitas coisas pra fazer e nada a se fazer ao mesmo tempo. Cidade sem programas, pessoas com programas, pessoas ocupadas, e eu, que mudei. Sinto-me cada vez mais só... eu deixei o tempo escapar das minhas mãos e fui perdendo a vontade de fazer algumas coisas, de falar com algumas pessoas... fui, aos poucos, deixando de sentir aquela habitual dor que eu costumava ter; dor de saudade, de amizade. Não. Agora não dói; não dói simplesmente porque eu tô anestesiado... em coma, talvez. Ficar até tarde na cama relembrando os velhos tempos, deixando até que algumas lágrimas escorram pelo lençol? háhá. Coisa do passado. Acho que esfriei. Ando tão materialista... Como já disse, anestesiado de tudo. Mas quando minha mãe veio me perguntar o que eu queria de aniversário, e eu vi que seria possível que eu ganhasse uma câmera digital, eu fiquei tããão feliz. o.O eu não era assim. Ah, sim. Meu aniversário! Seria esse o tema do post de hoje? Bom, sei lá.
Primeiro eu tenho que falar que eu tô puto com o destino. Tanta gente que eu já conheci pra por pra eu encontrar lá na Sport Point, e mais uma vez a vida traz de volta alguém que eu quero distância. O imbecil que trouxe ódio aos meus dias de Santa Rosa (blarhg =P) malha lá. Eu mereço, mesmo. É, eu tô malhando.; cansei de ser gordo. Tá, eu sei que não sou uma baleia, mas quero ficar bonitinho! Pra mim, principalmente. E pra gatinha.
Tá, vamos ao meu aniversário.
Ah, não tô com ânimo pra falar sobre isso.
Acho que vou fazer um post representando cada idade, sei lá, vai depender da minha disposição.
Ainda não sei se era esse tipo de blog mesmo que eu queria. Não posso ser oco na escrita; simplesmente porque se não eu não serei. Eu preciso ser.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Começando

Hoje é o meu primeiro dia de postagens. Diga-se de passagem, hoje eu tô oco, tô com a mente completamente vazia e não tenho nada a escrever. Esse blog é uma espécie de diário para que acontecimentos quase-marcantes não se percam no tempo; para que sentimentos e pessoas não fiquem esquecidos e, principalmente, para que eu não permita que certos pensamentos, certas idéias, boas ou ruins, voem por aí sozinhas.
Ah, agora me deu vontade de escrever. Então, eu tô de férias. Há um bom tempo de férias. Hoje faz um mês que eu passei no vestibular mas estou há quase dois meses no ócio, esperando a nova vida começar. Pode ser que seja uma nova vida temporária, ou algo que vá realmente influenciar no meu futuro, pode ser que eu termine meus dias numa sala comendo giz e dando aula pra gente que não gosta de português (ou inglês). Pode, pode ser. Mas eu quero mais. Muito mais. E não me pergunte o que eu quero; eu não poderia responder isso sem adquirir o conhecimento. É tão difícil! Espero que esse meu curso me leve para a direção correta porque ele é um poço de conhecimento, e é nele que eu vou buscar todas as informações que eu precisar pra descobrir o que eu sou, o que eu gosto, o que eu quero. Eu preciso estudar os gênios primeiro. Os gênios humanos; humanos como eu.