domingo, agosto 27, 2006

A cerimônia de recepção aos calouros

27 de agosto, 23 horas e 10 minutos. Realmente não parece que há mais de um mês eu consegui uma vaga na Universidade de Brasília. Sabe, a minha ficha ainda não caiu. Eu não gosto muito de dividir essas sensações; tenho medo que me achem chato, metido. Eu achava quem tinha passado na UnB, e falava só sobre isso, um saco. Não quero ficar assim. Mas acho que aqui eu posso dividir. É o meu espaço, os visitantes (se é que existem) que se acomodem a ele. Vou, então, falar sobre a cerimônia de recepção aos calouros, ocorrida anteontem, dia 25. Quando eu e a Paula chegamos de ônibus ao centro comunitário, este já se encontrava cheio de calouros enturmados, que conversavam num blahblahblah, numa empolgação interminável. Nós estávamos empolgados também. Andamos na busca de faces conhecidas, e nada! Minto. Vi algumas caras que estudaram conosco no cursinho; a Paula não, ela é míope. Vimos uma seqüência de filas paralelas em que cada uma estava de frente para um funcionário, que se encontrava sentado numa carteira, entregando uns papéis. Entrei na fila de Letras, que era a mesma de Matemática e Medicina. A mesma de Medicina! Eu me senti pequeno nessa hora. Com certeza algumas pessoas na minha frente, ou atrás de mim, teriam ralado muito mais que eu para estar ali. Bom, enfim, o cara me entregou o adesivo do meu curso "Letras - Português UnB" pra pregar no carro. Agora só falta o carro! háhá =D
Seguimos para o local da recepção, que estava repleto de cadeiras metálicas, e onde havia uma grande mesa de frente para os calouros com muita gente importante sentada: Reitor, Vice-Reitor, Prefeito da Universidade (juro que eu não sabia que a UnB tinha prefeito, mas, enfim, aquilo lá é mesmo uma cidade), e uma porção de diretores acadêmicos.
Tivemos uma abertura que eu achei muito bacana! Uma pianista lá da UnB bem conceituada tocando uma música de Chiquinha Gonzaga; mandou muito! Era legal espiar as caras assustadas e desconfiadas dos calouros, como eu.
O primeiro a ter a palavra, óbviamente, foi o Reitor, Timothy. Gostei desse cara, ele é legal. Cabelos brancos curtos, uma cara pacífica. Ele me lembrou o Dumbledore, do Harry Potter. Pra falar a verdade, como eu disse à Paula, eu realmente tava me sentindo em Hogwarts. Toda aquela cerimônia, aquele local imenso, as nossas angústias... lembraram-me bem da éstória da Rowling. Enfim, continuando, o Reitor inicialmente nos explicou porque é que o local onde foi realizada a cerimônia (um lugar estranho, aberto, uma grande tenda com capacidade para 2500 pessoas sentadas e mais não sei quantas em pé), e que por sinal foi o mesmo local onde eu descobri que tinha sido aprovado, se chamava Athos Bulcão. Ele explicou que o tal Athos foi um cara muito importante lá na UnB, um dos fundadores, se não me engano, e que cuidou dos projetos artísticos e urbanísticos da universidade, além de ter contribuído muito para a forma, a cara que Brasília tem hoje. Os quadradinhos do Teatro Nacional (que por sinal eu já escalei) foram projetados por ele. Dando seqüência ao diálogo, o Reitor e todos os outros que tiveram a palavra (e daí já tornaram a cerimônia cansativa) falaram da importância da autonomia na univesidade. Explicaram que as faculdades particulares diferem-se das universidades nesse quesito. No nosso ensino médio, a informação nos é dada; ensinam-nos o que precisamos saber. Fazemos nossos deveres (ou não!), decoramos nomes na véspera, pagamos a mensalidade e passamos. Eles quiseram dizer que as faculdades privadas, em geral, são uma continuação desse processo. Na UnB não há alunos com currículos iguais, porque são eles que se constroem. São eles que têm de pedir a informação e decidir o que é importante para seu futuro. O Vice-Reitor ressaltou que prefere chamar os alunos da UnB de profissionais em fase de formação porque a autonomia já começa lá, e não no momento da entrega do diploma. Enfim, viva a autonomia \o/
Falaram, falaram, falaram, e eu e a Paula começamos a perder a paciência, ficar cansados, com fome. Aí colocaram dois palhaços lá pra animar. Meu Deus! Ainda bem que a Palu tava lá porque ela é que nem eu: sente vergonha pelos outros! E eu fiquei com MUITA vergonha pela palhaça sem graça; juro que se eu fosse ela eu teria enfiado minha cabeça na terra e não saíria mais de lá.
Enfim, falaram, falaram e aí acabou. E foi a primeira vez que eu me senti bem na UnB, a primeira vez que eu me senti parte integrante de lá.

E amanhã começa a ralação. Venha, tão esperado dia 28!

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