E o que sobrou além de fragmentos de lembranças nostálgicas e boas? Boas e doloridas? O quê, eu me pergunto. Além da lágrima presa, do fingimento? Se a coisa é assim mesmo, o negócio então é fingir; para anestesiar. Só que a anestesia não transcende a dor. Vez ou outra ela aparece firme e forte, junto com o buraco. E é nesse momento que eu apareço por aqui. Quando querem rasgar meu abdômen e tirar o nada que há dentro dele. Se tudo isso soa como jingle, é porque só me nasce algo - e sempre o mesmo -, quando o efeito entorpecente passa. Embora gêmeos unidos, o que digo (sempre) chega a ser, de fato, um algo? A dúvida é? A dúvida? - ?.
domingo, agosto 19, 2007
terça-feira, junho 19, 2007
eu am'aDOR.
Tem-me sido cada vez mais árduo e doloroso mergulhar dentro de mim. A viagem que outrora eu fazia em segundos, agora demora dias para poder começar, simplesmente. E quando se inicia, nem chego à metade, perco o rumo, dói e eu volto ao ponto inicial. E nesse ponto eu não sou nada, porque só aqui e só na dor eu sou. Só que não tenho mais conseguido levar essa dor adiante. Ela emerge e morre em seguida. Congelada. Morre congelada do gelo que eu me permiti tornar.
segunda-feira, junho 18, 2007
O tapete de lã
Na semana passada minha mãe jogou fora o tapete da sala. Ele era bege e grande, e tinha aquelas pontas de lã que saem de tapetes, as quais eu não sei nomear. Mas são aquelas que são boas de passar a mão e de pisar. Quinze anos de tapete bege e grande nas diversas salas em que eu morei. Dos meus dezoito, quinze anos de história-minha de que eu me lembro. Lá estava o menino, brincando no cantinho do tapete, ao lado do sofá. E as suas ilusões e sonhos se retratavam naqueles bonecos, naqueles carrinhos, naquelas simulações de vida que julgava tão bem conhecer. O menino sozinho; sempre sozinho. E no tapete da sala. Deitado ali, deliciando-se nas pontas de lã, assistindo à surrealidade televisiva. Ao pisar no tapete, trazia para este o mundo que pisara lá fora. E trazia seus medos, suas descobertas, suas intrigas, seus novos presentes, seus sentimentos. Mas, por pisar, ia sempre o destruindo. Cada vez que se construía, o menininho desconstruía o tapete; o desgastava. E de menino virou rapaz, e de rapaz trazia novas coisas para descerem de sua cabeça aos pés e pisar no tapete. O peso dessas coisas se tornou evidente, porque cada vez que pisava nele, ele se desgastava mais... e se desgastou, se desfez. Numa proporção inversa, o menino era feito e o tapete desfeito. O tapete em que recentemente sentara para fazer o seu mais recente ofício: não se dar à surrealidade televisiva. Aquela lã o alimentara e aqueles pés de menino alimentaram a lã. Era um pacto: estavam presos àquele universo juntos. E naquele espaço de dois metros quadrados, ele retornava a uma realidade distante e se sentia seguro de si mesmo; seguro de que um dia havia existido.
Mas, na semana passada, minha mãe jogou fora o tapete da sala.
(escrito no mês passado)
domingo, maio 27, 2007
Perto
As coisas começam a tomar alguma forma. Quem me faz não ser é exatamente quem sempre tenta de algum modo me apresentar a face do mundo. É que o homem quer mais espaço que o seu corpo permite. E, numa dança imperialista, ele tenta me mostrar que ser é ser como ele. Eu sou aprendiz, ele o mestre. Se antes eu vagava sem rumo, agora vago sem rumo e despido. Despido de mim mesmo. Despido do que eu nunca soube ser. Mas as coisas começam a tomar alguma forma.
Porque eu já sei quem me despe.
Ainda sou interrogação no branco, só que vendo pontinhos coloridos ao longe. Perto.
Porque eu já sei quem me despe.
Ainda sou interrogação no branco, só que vendo pontinhos coloridos ao longe. Perto.
quarta-feira, maio 16, 2007
Achava/m. Mas eu não nasci pra ser 'Newton'
Eis-me aqui, crescido. Peso morto crescido. E o que um dia eu tinha pra brilhar (um milésimo do brilho do Sir. Isaac Newton) morreu. Aliás, O meu brilho não morreu, porque não chegou sequer a nascer. O que um dia existiu em mim foi uma gestação; eu estava grávido de brilho. E me olhavam, perguntavam para quando era. Eu não sabia; não sabia que me habitava algo que não me é.
Foi aborto espontâneo. Perdi aquilo que nunca senti que nasceria. Ou, no fundo, sabia. Foi eu quem deu a nóticia de gravidez, eu quem esperei o nascimento do que eu seria. o nascimento PLIMP. Gestação sem pré-natal, sem acompanhamento. O brilho nasceria no momento PLIMP.
Nasceria.
E eu perdi todo o fim do que nunca começou.
Foi aborto espontâneo. Perdi aquilo que nunca senti que nasceria. Ou, no fundo, sabia. Foi eu quem deu a nóticia de gravidez, eu quem esperei o nascimento do que eu seria. o nascimento PLIMP. Gestação sem pré-natal, sem acompanhamento. O brilho nasceria no momento PLIMP.
Nasceria.
E eu perdi todo o fim do que nunca começou.
segunda-feira, abril 16, 2007
Retalhos, cortes e emendas.
É que a gente acha que vai ser diferente. Mas não vai.
O emaranhado é o mesmo, os nós se apertam... é inevitável o encolhimento. Ali estava, preso num cantinho com um aroma sufocante.
Em algum momento ele resolveu mudar o caminho. Talvez sempre andasse ali - fora da pista - mas sempre os tinha. Era essa idéia de possessão que o fazia continuar. Aquilo era seu; sempre seria. Perdeu-se, entretanto, e perdeu-se sozinho. Seu caminho ganhou curvas e adornos que não o levavam a lugar algum. Às vezes, conseguia ver de longe a trilha daqueles que um dia possuiu. E se perguntava sempre porquê. Sempre por que havia dobrado n'alguma esquina do tempo pra viver por aí, solitário. Pra viver procurando respostas de perguntas que não o fizeram. Pra viver sangrando e não ser notado. Seguia numa explosão interior, seguia com a parte de dentro dilacerada, mas os muitos que encontrara pelas curvas não o percebiam. Só ele parecia entender; só ele parecia enxergar os retalhos, os cortes e as emendas interiores alheias. Os outros, tantas vezes martelados e invisíveis. Ele os enxergava. Não os consertava; fazia-os entender a dimensão de cada corte, cada gota de sangue. E eles (temporáriamente) se curavam. Daí já não precisavam mais dele. Podia, então, seguir em busca d'outras feridas. Mais feridas para adicionar às suas próprias. Curava, mas não sabia se curar. E quem perceberia que era de cura que ele precisava? ...!
Absolutamente compreensível. Como curar os que morrem?
O emaranhado é o mesmo, os nós se apertam... é inevitável o encolhimento. Ali estava, preso num cantinho com um aroma sufocante.
Em algum momento ele resolveu mudar o caminho. Talvez sempre andasse ali - fora da pista - mas sempre os tinha. Era essa idéia de possessão que o fazia continuar. Aquilo era seu; sempre seria. Perdeu-se, entretanto, e perdeu-se sozinho. Seu caminho ganhou curvas e adornos que não o levavam a lugar algum. Às vezes, conseguia ver de longe a trilha daqueles que um dia possuiu. E se perguntava sempre porquê. Sempre por que havia dobrado n'alguma esquina do tempo pra viver por aí, solitário. Pra viver procurando respostas de perguntas que não o fizeram. Pra viver sangrando e não ser notado. Seguia numa explosão interior, seguia com a parte de dentro dilacerada, mas os muitos que encontrara pelas curvas não o percebiam. Só ele parecia entender; só ele parecia enxergar os retalhos, os cortes e as emendas interiores alheias. Os outros, tantas vezes martelados e invisíveis. Ele os enxergava. Não os consertava; fazia-os entender a dimensão de cada corte, cada gota de sangue. E eles (temporáriamente) se curavam. Daí já não precisavam mais dele. Podia, então, seguir em busca d'outras feridas. Mais feridas para adicionar às suas próprias. Curava, mas não sabia se curar. E quem perceberia que era de cura que ele precisava? ...!
Absolutamente compreensível. Como curar os que morrem?
quarta-feira, março 28, 2007
Ahr, essa dor que dá aqui dentro daqui de mim!
Dor de tempo que já passou,
Dor dos dias de delírios!
Dói-me devagar
Dói-me, me dominar!
Essa dor! Essa dor anestesiante...
De um mundo dolorido de pecados
E duro... duro de rachar!
Ahr, quando eu era de lá...
Quando eu me era de dúvidas!
Que diferente!
E indolor de um
(i)mundo descontente!
Dor de tempo que já passou,
Dor dos dias de delírios!
Dói-me devagar
Dói-me, me dominar!
Essa dor! Essa dor anestesiante...
De um mundo dolorido de pecados
E duro... duro de rachar!
Ahr, quando eu era de lá...
Quando eu me era de dúvidas!
Que diferente!
E indolor de um
(i)mundo descontente!
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Saudade d'a manhã
Vagaroso, o sol aparecia
Por tantos dias ausente estive
Que o esplendor de teus raios
Não tocava mais a folha, a pétala, o meu olhar!
Era a treva
Pois me é cômoda; ela disfarça, esconde
Ela me pseudo-liberta, posto que me sensibiliza
Mas a luz me fragiliza
E aquele raio é dor
Mostra a verdade por detrás da face
Revela e desmorona a ilusão do dia seguinte
Não acalma;
Nem liberta;
É a beleza do ontem
E a ousadia do hoje
Mas na incerteza da manhã
Eu me refugio na lua;
Ela me dá asas
Como o que deixa uma sala de espera
como o que dá duas voltas na chave
A uma da manhã
Me faz temer,
Mas me dá certeza de que ainda res-pi-ro...
O raio da manhã
Do amanhã.
Por tantos dias ausente estive
Que o esplendor de teus raios
Não tocava mais a folha, a pétala, o meu olhar!
Era a treva
Pois me é cômoda; ela disfarça, esconde
Ela me pseudo-liberta, posto que me sensibiliza
Mas a luz me fragiliza
E aquele raio é dor
Mostra a verdade por detrás da face
Revela e desmorona a ilusão do dia seguinte
Não acalma;
Nem liberta;
É a beleza do ontem
E a ousadia do hoje
Mas na incerteza da manhã
Eu me refugio na lua;
Ela me dá asas
Como o que deixa uma sala de espera
como o que dá duas voltas na chave
A uma da manhã
Me faz temer,
Mas me dá certeza de que ainda res-pi-ro...
O raio da manhã
Do amanhã.
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
ecco!
plimp... liiimp iimp imp mp...
onde tem eco, tem vazio.
...
...
onde tem vazio, não tem eco;
nem ego.
onde tem eco, tem vazio.
...
...
onde tem vazio, não tem eco;
nem ego.
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