quinta-feira, novembro 23, 2006

Céu nublado

;é fato. Essa neblina interior me aniquila.
Há muito tempo eu não reparo nas estrelas.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Letargia

Numa dessas provas do Gilson Sobral, fui forçado a descobrir o que era a letargia. A gente tinha conseguido a prova do semestre anterior e ele pedia numa das questões o significado da palavra Letargo - essa palavra estava presente em algum contexto no livro Cinco Minutos, de José de Alencar. Bom, como calouros espertos, abrimos o dicionário e lá estava:

*
Letargia s.f. ou Letargo s.m.: 1) Sono profundo, semelhante à morte. 2) Inércia, apatia.

Uma semana depois eu viria a entender de perto o sentido da letargia. Cheio de coisas pra fazer (e já de saco cheio delas!), tendo que ler ainda mais cinco livros literários e um não-literário até o final do semestre, tendo que devorar quatrocentas páginas de Ivanhoé até segunda-feira (hoje é sexta-feira e eu estou na página quarenta, acho que não vai dar, hein!) eu entrei num estado de letargia. Tirei a sexta-feira pra progredir umas 150 páginas na obra do Sir. Walter Scott; li vinte.
Que vergonha! Além de ter sido completamente vagabundo essa semana (a culpa é da Nintendo, que criou o Super Mario World), eu tô estragando a semana que vem também!
Mas sim, sobre a letargia.
Maldita essa daí! Tenho sede por cultura, mas sou preguiçoso: paradoxo mais paradoxal? Pois então, sempre tive uma tendência à preguiça, no que diz respeito a fazer as coisas por obrigação. Só que hoje foi diferente.

“Sono profundo, semelhante à morte...”

Hoje eu tava/tô numa moleza incomparável! Qualquer lugar que eu deito, eu durmo! E começo a sonhar instantaneamente. Coisa de doido mesmo. Aí eu me desligo completamente do mundo, e quando acordo, acordo num estado meio estranho, meio em transe, meio away, meio desligado, meio letargo.
É aquela coisa de tá e não tá no mundo, sabe? Será que rolou viagem espiritual enquanto eu dormia e aí minha alma ficou perdida pelos cantos e não conseguiu achar o caminho de volta? Não sei, não sei.
Só acho que ela foi dar um passeio, e deixou meu corpo aqui, inerte, apático; letargo.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Ponto e vírgula;

Por me envolver bastante com os diferentes tipos de reações e fórmulas, eu já quis ser químico, só que a física não deixou; eu não me permitiria carregar a física pro resto da minha vida. Já quis ser contador e administrador, mas o meu lado humano não deixou. E jornalista, mas o meu lado independente não deixou. E engenheiro florestal, mas o meu lado materialista não deixou. Tradutor, mas o meu lado consciente não deixou. Psicólogo, mas o meu lado inseguro não permitiu. Nem a minha gastura permitiu que eu fosse dentista; nem farmacêutico, nem obstetra e nem médico. Ator, mas o meu lado reservado não deixou. A minha tendência à exceção não permitiu que eu fizesse direito. Aí sucedeu o episódio da arma apontada à minha cabeça: que área seguir? Eu gosto da palavra e da língua - pensei. Sem mais: Letras. E a insegurança me tomava. O preconceito com relação a mim mesmo me tomava: "Letras! Você é capaz de tirar uma nota maior nessa prova, vamos lá". Não! Letras mesmo. E o vestibular angustiante; e passei. Eu gosto da palavra e da língua - sem mais. Qual seria o meu diferencial? Eu e minha mania de querer ser diferente. Meus colegas traziam uma bagagem de cultura imensa, e virão a adquirir mais; muito mais. Eu? Eu gosto da palavra e da língua, sem mais. E a insegurança continou me tomando. Aí veio a tarde de um sol com um brilho estupendo: eu saí da sala com uma segurança plena, algo que nunca tinha sentido. Talvez tenha sido a moça das tatuagens que me tenha despertado isso. O estudante de línguas indígenas, talvez? Eu gostar da palavra e da língua? Só os deuses sabem. Mas eu saí com uma certeza mais que certa, eu consegui olhar pra dentro de meu íntimo, e ouvir o que minha'lma dizia: "é isso mesmo, a palavra e a língua! você tá na área certa, você nasceu pra palavra e pra língua! E pros livros; e pra sala de aula; e pro papel; e pros monumentos que não morrem com o desgaste do tempo - talvez com o desgaste de idéias, e aprimorações - ; Eu nasci pras artes literárias; e lingüísticas. Ponto e vírgula;

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ensaio sobre o tempo

Fica pra quando ele aparecer.

Enquanto eu não posso escrever sobre ele, por sua inexistência atual, vai um trecho de algo que eu li sobre, num dia desses:

"Ninguém sabe o que está acontecendo!
O tempo não é ladrão? Não rouba a vida?
O roubo é atividade proibida,
Que é ilegal e pode ser punida."

(Shakespeare, A comédia dos Erros)

Punam o tempo!
Já.