segunda-feira, abril 16, 2007

Retalhos, cortes e emendas.

É que a gente acha que vai ser diferente. Mas não vai.
O emaranhado é o mesmo, os nós se apertam... é inevitável o encolhimento. Ali estava, preso num cantinho com um aroma sufocante.
Em algum momento ele resolveu mudar o caminho. Talvez sempre andasse ali - fora da pista - mas sempre os tinha. Era essa idéia de possessão que o fazia continuar. Aquilo era seu; sempre seria. Perdeu-se, entretanto, e perdeu-se sozinho. Seu caminho ganhou curvas e adornos que não o levavam a lugar algum. Às vezes, conseguia ver de longe a trilha daqueles que um dia possuiu. E se perguntava sempre porquê. Sempre por que havia dobrado n'alguma esquina do tempo pra viver por aí, solitário. Pra viver procurando respostas de perguntas que não o fizeram. Pra viver sangrando e não ser notado. Seguia numa explosão interior, seguia com a parte de dentro dilacerada, mas os muitos que encontrara pelas curvas não o percebiam. Só ele parecia entender; só ele parecia enxergar os retalhos, os cortes e as emendas interiores alheias. Os outros, tantas vezes martelados e invisíveis. Ele os enxergava. Não os consertava; fazia-os entender a dimensão de cada corte, cada gota de sangue. E eles (temporáriamente) se curavam. Daí já não precisavam mais dele. Podia, então, seguir em busca d'outras feridas. Mais feridas para adicionar às suas próprias. Curava, mas não sabia se curar. E quem perceberia que era de cura que ele precisava? ...!
Absolutamente compreensível. Como curar os que morrem?

Um comentário:

Anônimo disse...

e diz que não sabe falar...

pega as 3 larguras de pano que tem em volta de vc e joga fora, Newton!