terça-feira, maio 13, 2014

We should grab some coffee sometime

Logan, 15 de abril de 2014

Este tal de iced coffee que tomo nesta tarde finalmente morna tem gosto de rum. Rum, que eu descobri há pouco tempo. Rum. Rum dos melhores.
Ruim.
Veja bem. Ele tenta ser uma alternativa à cafeína quente para dias em que energia e refresco são necessários.
Mas não refresca;
E o gosto de amargo fica na boca, mas não sobe à cabeça;
Ele nem mata a minha vontade de café;
E nem mata a minha vontade por refresco;
E nem me inebria;
Esse tal de café gelado não passa é de uma mentira. Uma sabotagem das boas armada pra me dar um pouco da energia que eu preciso pro dia, um tico do alívio refrescante de uma boa vitamina de banana e a falsa promessa da amargura que embriaga.
Ele tenta ser e dar conta de tantas coisas, esse tal de café gelado. E juro, juro que estou tentanto, estou tentando apreciá-lo pelo que ele é, pela sua essência e lugar diferente no mundo enquanto café gelado.
Como colocar de lado, contudo, o fato  de que aqueles que o bebem na verdade o fazem por temer o suór extremo causado por um bom café preto num dia quente, ou as calorias destruidoras da cremosa vitamina ou a perda de sobriedade de um rum numa terça-feira à tarde?
Não. Melhor colocar gelo no copo e apertar o mesmo botão da máquina de café preto e bom e não colocar açúcar.
Se em cada gole eu tenho falsas promessas, ainda assim algo me foi prometido e nada me foi tirado, ainda que não devidamente cumprido.
Odeio as metáforas. Metáforas são prédios de concreto em florestas nunca dantes exploradas.
Mas funciona como a bicicleta que tá lá em casa parada há um tempo. A gente usa a bomba pra encher o pneu e ela anda, anda por algumas horas. Me leva até onde preciso. Na hora de ir embora, porém, a borracha arrasta no chão e eu tenho que andar pra casa.
A ignorância sobre o pneu furado não dura muito. Trabalhoso é achar o furo.
Há uma oficina de bicicletas aqui perto onde você só precisa levar o material e eles não te cobram a mão-de-obra; não te cobram a mão-de-obra,  pois te ensinam a achar o furo e remendá-lo.
Sempre que veem a minha linda Cruiser parada no terraço me falam dessa oficina. Mas o que eu fiz, na verdade, foi tratar de arrumar uma bicicleta nova. Era de graça para alunos da universidade, sabe?

Hoje as aulas foram canceladas. Peguei a bicicleta nova, sentei numa mesa do lado de fora e pedi o vigésimo café gelado da semana. Mas é de café preto, rum, vitamina de banana e uma Cruiser com o pneu furado no terraço que eu sou feito.

Um comentário:

Giu disse...

we should grab a coffee. period.
somos todos feitos de coisas contraditórias e controversas, e espaços ocupados por coisas inúteis e por coisas que podem voltar a ser uteis...=D